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O controle Biológico em Hidroponia
Por: Dr. Gláucio da Cruz Genuino, especialista em Nutrição Mineral de plantas.
Uma das definições referentes ao controle biológico é a da manutenção do equilíbrio entre populações que causem danos ao cultivo de plantas comerciais e de populações que são as controlam, conhecidas agronomicamente como inimigos naturais. Assim, ao adotarmos o controle biológico como premissa fundamental para a redução de pragas e doenças devemos ter “em mente” que as pragas e doenças presentes no cultivo hidropônico não serão dizimadas e, sim, que haverá uma manutenção destas populações causadoras de prejuízos econômicos, em um nível que não comprometerá a sustentabilidade do negócio; este conhecido como nível de dano econômico. Este nível é aceitável para o produtor quando ele estiver acima do ponto de equilíbrio para o cultivo comercial de uma cultura, que é, basicamente, onde as receitas pagam as despesas.
Questões básicas são levantadas por produtores interessados na adoção deste método de controle de pragas e doenças, tais como:
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existem produtos biológicos aplicáveis a hidroponia?
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Sua eficiência é comprovada?
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Qual é o custo?
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Qual o período de carência?
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Qual a dose aplicada?
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Como deve ser tomada a decisão para a aplicação?
Para respondermos tais questionamentos, primeiramente o conhecimento do triângulo epidemiológico é importante, uma vez que toda a eficiência do controle esta em função das inter-relações entre os três pontos deste triângulo.
Em cada vértice têm-se: o ambiente (microambiente no caso da hidroponia), a doença ou praga e o hospedeiro, ou produto hidropônico.
Assim, temos algumas situações que favorecerão ao desequilíbrio nestas inter-relações, como por exemplo, uma planta com as raízes mortas por falta de oxigenação (hospedeiro – hipoxia radicular), que esta em função de uma temperatura acima de 31 oC da solução nutritiva, associada baixa declividade da bancada e altas temperaturas na estufa (ambiente) e a presença de Pythium na solução (doença), que a partir de todo o contexto (ambiente x hospedeiro), causará danos severos ao sistema de cultivo.
Assim, se um vértice não for fator contribuinte para a expressão da doença, a possibilidade de infecção ou infestação torna-se baixa ou nula.
A partir da possibilidade desta anulação da doença ou praga pode-se mensurar a eficiência do controle biológico, que será mais eficiente quanto melhor for o monitoramento destas inter-relações. Assim, não é plausível, por exemplo, considerar que o Trichoderma e o Bacillus subtilis irão atuar de forma eficiente se a solução nutritiva estiver acima de 31 oC e repleta de algas e restos de raízes da (s) colheita (s) anterior (es).
Fazendo a retórica quanto aos questionamentos supracitados, sim: existem nos mercados excelentes produtos biológicos a serem adotados no manejo fitossanitário para o cultivo hidropônico, com uma eficiência que, via de regra, é mais alta que em sistemas orgânicos, pois temos um ambiente propício ao estabelecimento dos inimigos naturais que é o cultivo em ambiente de cultivo protegido.
Um exemplo é a adoção do controle biológico do ácaro rajado (Tetranychus urticae) para a cultura do morango hidropônico a partir do uso de ácaros predadores (Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis), ambos já comercializados no Brasil. Esta adoção apresenta alta eficiência de controle. Ressalta-se que o controle biológico pode apresentar valores mais elevados que o químico, porém a tendência é uma baixa dos mesmos a partir de um volume a ser comercializado e, deve-se levar em consideração que tais medidas de controle devem ser avaliadas como investimento e agregação de valor pelo produtor.
Uma vez que existe a nulidade de resíduos químicos, a carência é baixa, assim como a dose aplicada, contudo a decisão quanto à aplicação estará sempre em função do monitoramento adotado.
Por outro lado, existe uma discussão extensa e importante a ser adotada ao tratarmos de controle biológico em sistema de cultivo hidropônico, uma vez que fica mais evidente que a exigência do mercado consumidor por alimentos com alto padrão de qualidade e segurança alimentar eleva-se a cada ano, porém este mesmo mercado (do qual fazemos parte) não está acostumado com a presença doácaro predador predando o ácaro rajado; assim, a nossa tendência é a não aquisição do produto, comprometendo todo o trabalho do produtor.
O amplo conhecimento das relações de predação e, da quase impossibilidade de não se ter insetos presentes nas hortaliças hidropônicas com a adoção do controle biológico são pontos a serem discutidos entre os três principais integrantes da cadeia produtiva de hortaliças hidropônicas, que são: o produtor, o atacadista e o consumidor final.