O cultivo hidropônico de tomateiros, especialmente em ambientes protegidos, requer uma compreensão detalhada do microclima, já que as condições ambientais desempenham um papel crucial na produtividade. O tomateiro é uma planta que se adapta bem a climas tropicais e altas temperaturas, particularmente durante o estágio reprodutivo de floração. Contudo, para garantir o máximo rendimento e qualidade dos frutos, é essencial manejar adequadamente as variáveis microclimáticas dentro da estufa.

Importância do Controle Microclimático no Cultivo do Tomateiro

No Brasil, é comum que produtores e técnicos se preocupem com os efeitos adversos das altas temperaturas em algumas regiões. A seleção de híbridos tropicalizados, resistentes a temperaturas e irradiância elevadas (acima de 30°C), tem sido uma resposta eficiente a esse desafio. Essas condições extremas podem causar abortamento floral, prejudicando a formação de frutos e, consequentemente, a produtividade.

Relação entre Radiação Solar e Temperatura Interna da Estufa

A radiação solar é um fator determinante no microclima de uma estufa. Ao atingir a superfície das estufas, a radiação pode ser refletida ou transmitida para o interior. A radiação que penetra no ambiente interno se transforma em calor, influenciando diretamente a temperatura. Parte dessa radiação é absorvida pelas plantas como Radiação Fotossinteticamente Ativa (RFA), essencial para o crescimento e desenvolvimento do tomateiro. No entanto, nem toda a radiação absorvida é convertida em biomassa; parte dela se transforma em calor, contribuindo para o aquecimento do ambiente.

Além disso, a radiação solar que entra na estufa também se converte em comprimentos de onda longos, conhecidos como infravermelhos (IV), que são os principais responsáveis pelo aumento excessivo de calor no ambiente protegido.

Estratégias para Redução da Temperatura nas Estufas

Uma das práticas mais comuns para controlar a temperatura nas estufas é o uso de telas de sombreamento. Em regiões com alta incidência de radiação solar, recomenda-se o uso de telas aluminizadas, que refletem a radiação e minimizam os efeitos dos raios infravermelhos, ajudando a manter a temperatura interna em níveis adequados. Em áreas de intensa radiação, telas com 50% de sombreamento são preferíveis, pois oferecem maior proteção contra o calor.

No entanto, é fundamental considerar a quantidade de radiação necessária para o desenvolvimento do tomateiro, especialmente durante a fase reprodutiva. O tomateiro requer uma radiação global de 8,5 MJ m² dia¹ e uma RFA de 3,4 MJ m² dia¹ dentro da estufa. Portanto, o uso de radiômetros para medir esses valores é uma recomendação técnica crucial para ajustar o sombreamento e garantir alta produtividade.

Gestão da Umidade Relativa e Ventilação

A umidade relativa (UR) também é um fator crítico no cultivo protegido de tomateiros. Os níveis ideais de UR devem estar entre 60% e 70%. O uso de nebulizadores pode ser eficaz na redução da temperatura, mas deve ser feito com cautela, já que uma umidade relativa superior a 70% pode comprometer a polinização e a viabilidade do pólen, impactando negativamente a produtividade.

Para complementar o controle do microclima, a ventilação forçada, utilizando exaustores bem dimensionados, é recomendada. Esta tecnologia promove a formação de um túnel de vento, essencial para remover o ar quente acumulado na parte superior da estufa. A ventilação adequada não só ajuda a manter a temperatura ideal, mas também evita problemas associados à polinização, como a desidratação do pólen.

Conclusão

O manejo do microclima em estufas, especialmente em relação à temperatura e umidade relativa, é fundamental para o sucesso do cultivo hidropônico de tomateiros. A utilização de tecnologias apropriadas, como telas de sombreamento, radiômetros, nebulizadores e sistemas de ventilação, combinada com um monitoramento rigoroso, é a chave para maximizar a produtividade e garantir a qualidade dos frutos. No cultivo protegido, o conhecimento e o controle das variáveis microclimáticas são essenciais para alcançar o pleno potencial produtivo do tomateiro hidropônico.

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