Mosca Minadora em Cultivos Hidropônicos: Como Controlar essa Praga em Ambientes Protegidos

A mosca minadora, pertencente ao gênero Liriomyza spp., é uma praga que tem se tornado cada vez mais frequente em sistemas hidropônicos, especialmente em ambientes protegidos como estufas. As condições de temperatura, umidade e proteção contra intempéries favorecem seu desenvolvimento, tornando essencial o conhecimento sobre seu controle eficaz.

Neste artigo do Grupo Hidrogood, vamos apresentar os fatores que favorecem a incidência da mosca minadora, os danos que ela causa às hortaliças e as principais estratégias de controle, com base no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O Que é a Mosca Minadora e Onde Ela Ocorre?

A mosca minadora é uma pequena mosca cujas larvas escavam túneis no interior das folhas, formando as chamadas “minas”. No Brasil, sua incidência em cultivos hidropônicos é mais comum nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Distrito Federal, Goiás e regiões do Mato Grosso.

As principais espécies causadoras de danos são:

Liriomyza sativae
Liriomyza trifolii
Liriomyza huidobrensis

Culturas mais afetadas:

Folhosas:

Alface (Lactuca sativa)
Rúcula (Eruca sativa)
Espinafre (Spinacia oleracea)
Acelga (Beta vulgaris var. cicla)

Hortaliças de frutos:

Tomate (Solanum lycopersicum)
Pimentão (Capsicum annuum)
Berinjela (Solanum melongena)

Quais Danos a Mosca Minadora Pode Causar?

Os danos causados pela Liriomyza spp. são tanto agronômicos quanto econômicos, comprometendo a qualidade, produtividade e comercialização das hortaliças.

Danos agronômicos

Redução da área foliar por meio da formação de minas.
Queda da eficiência fotossintética da planta.
Murcha precoce, necrose e queda das folhas.
Comprometimento estético das folhas, inviabilizando a comercialização, principalmente em culturas folhosas.

Danos econômicos

Redução de até 30 a 50% na produtividade em casos severos.
Desvalorização do produto pela aparência danificada.
Aumento nos custos de produção com defensivos, controle biológico e manejo cultural.
Rejeição por parte de supermercados e consumidores.

Além disso, mesmo sem ser vetor direto de viroses, a mosca minadora causa estresse e lesões que tornam a planta mais suscetível a infecções secundárias por fungos e bactérias, além de facilitar a ação de outros insetos vetores de viroses como o tospovírus, especialmente quando há infestação simultânea com tripes.

Como Controlar a Mosca Minadora em Hidroponia?

O controle eficaz da mosca minadora deve ser baseado em estratégias integradas. A seguir, veja os principais pilares do Manejo Integrado de Pragas (MIP) para essa praga em sistemas hidropônicos:

1. Monitoramento

Utilização de armadilhas adesivas amarelas para captura dos adultos.
Inspeção visual periódica das folhas, em busca de minas e larvas.

2. Controle cultural

Instalação de telas antiafídicas (50 mesh) nas entradas das estufas.
Limpeza constante da área de cultivo, com remoção de folhas velhas e restos culturais.
Controle do excesso de nitrogênio, que favorece a atratividade da planta à praga.

3. Controle biológico

Introdução de parasitoides naturais, como:
- Diglyphus isaea
- Opius spp.
Aplicações preventivas de inimigos naturais.

4. Controle químico (com responsabilidade)

Aplicação de inseticidas específicos para a cultura e fase da praga.
Respeito ao período de carência, intervalo de reentrada e doses recomendadas.
Evitar produtos não seletivos, que eliminam inimigos naturais e favorecem o surgimento de resistência.

5. Uso de material genético mais tolerante

Preferência por cultivares mais tolerantes, como alface crespa e americana.
Cultivares com folhas cerosas, espessas ou com textura rugosa são menos atrativas para a oviposição das fêmeas.

Conclusão

A Liriomyza spp. representa um desafio significativo para a produção de hortaliças em ambientes protegidos, especialmente em sistemas hidropônicos. No entanto, com o uso de estratégias integradas de manejo, é possível manter essa praga sob controle, protegendo a produtividade, qualidade e sanidade das plantas.

O sucesso no controle da mosca minadora depende da integração entre manejo cultural, biológico e químico, sempre com foco na prevenção, monitoramento constante e uso de cultivares adaptadas.

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