BIOINSUMOS NO CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS EM HIDROPONIA

Monitorar a incidência de pragas e doenças é fundamental para evitar danos à produção. Porém, em situações de desequilíbrio nutricional e condições ambientais favoráveis, isso pode se tornar um desafio para o hidroponista.
Para que uma praga ou doença se instale no cultivo, é necessário que a planta esteja vulnerável e o ambiente seja adequado para o desenvolvimento da praga ou doença. Este artigo tem como objetivo abordar os fatores que favorecem a ocorrência de pragas e doenças em cultivos hidropônicos.
Um exemplo relevante sobre como o ambiente pode influenciar o aumento da infecção de uma doença é o caso do Pythium em hidroponia. O ataque dessa doença é intensificado quando a temperatura da solução nutritiva ultrapassa os 30°C que diminui o oxigênio dissolvido, quando o pH está fora da faixa ideal (6,0±0,2), ou ainda quando há excesso de sódio (Na) e cloro (Cl) na solução, além de deficiência de cálcio (Ca). Esses fatores, isolados ou combinados, então com a morte das radicelas abre portas para o ataque do Pythium.
O monitoramento de diversos aspectos, como a presença de algas e fungos gnats, a temperatura ambiente e umidade relativa do ar (UR%), a temperatura da solução nutritiva, o pH e a condutividade elétrica (EC), além da limpeza do sistema com dióxido de cloro ou peróxido de hidrogênio, são importantes para prevenir a propagação de pragas e doenças. A aplicação de bioinsumos que melhoram a fisiologia das plantas, como aminoácidos, algas e protetores contra a radiação solar excessiva, também são práticas eficientes no manejo fisiológico, promovendo o equilíbrio e resistência das plantas cultivadas.
Compreender a interferência do ambiente no processo produtivo é essencial para entender a dinâmica da proliferação de pragas e doenças. A avaliação detalhada de fatores como a planta, o ambiente e a incidência de pragas e doenças é fundamental para minimizar as perdas.
Por exemplo, a adoção de variedades resistentes a doenças é altamente recomendada. Uma boa prática é escolher cultivares de alface resistentes ao míldio em regiões com alta umidade e temperaturas amenas, como a região serrana do Rio de Janeiro, ou resistentes ao oídio em regiões clima seco e noites mais frescas, comum no cinturão verde paulistano. Além disso, o monitoramento constante e o controle do ambiente também são cruciais. Manter o sistema limpo, trocar plásticos na hora certa para evitar a baixa incidência de radiação solar, realizar o transplante no momento adequado, controlar a temperatura da estufa e utilizar bandejas de plástico e substratos livres de doenças são práticas que ajudam a prevenir doenças.
Atualmente, o uso de bioinsumos tem se mostrado uma alternativa eficaz no controle de pragas e doenças em hidroponia. No entanto, para que essa abordagem seja bem-sucedida, é importante compreender o ciclo das pragas e doenças no ambiente protegido. Ao identificar os ciclos de ataque de pragas ou doenças como trips, ácaros, mosca-branca, oídio, míldio, septoriose e cercosporiose, por exemplo, é possível definir a melhor estratégia de controle biológico. O uso preventivo de bioinsumos ajuda a manter o equilíbrio entre as populações de pragas e seus inimigos naturais, tornando o controle mais eficaz.
Algumas dúvidas comuns dos produtores sobre o controle químico e biológico incluem: Existem produtos biológicos aplicáveis à hidroponia? Sua eficácia foi comprovada? Qual o custo? Qual o período de carência? Qual a dose recomendada? Como tomar a decisão sobre a aplicação?
Essas perguntas são válidas, e a boa notícia é que, com a promulgação da Lei 15.070/2024, que regula a produção, o uso e a comercialização de bioinsumos no Brasil, a indústria de bioinsumos está em expansão. A legislação tem incentivado empresas nacionais, multinacionais, órgãos de pesquisa e grandes produtores a desenvolver soluções eficazes para o controle biológico no campo.
De acordo com o MAPA, os bioinsumos são substâncias biológicas, como microrganismos, biofertilizantes, agentes de controle biológico e extratos vegetais. Essas alternativas são mais sustentáveis em comparação aos insumos químicos tradicionais e, com a criação da lei, espera-se um aumento da oferta desses produtos no mercado para uso nas plantas cultivadas comercialmente.
A eficácia de produtos à base de agentes biológicos já foi comprovada no Brasil. Por exemplo, o Trichoderma harzianum é utilizado no controle de doenças como Sclerotinia sclerotiorum, Sclerotium rolfsii, Rhizoctonia solani, Fusarium spp., Pythium spp. e Phytophthora infestans em várias culturas, como o tomate. Outros agentes biológicos, como o Beauveria bassiana, são eficazes no controle de pragas como Bemisia tabaci e Tetranychus urticae.
Dois agentes biológicos que merecem destaque são o Stratiolaelaps scimitus, que controla pragas como o Fungus gnats (Bradysia sp. e Scatella stagnalis), responsáveis por sérios prejuízos aos produtores hidropônicos, e o Bacillus subtilis, utilizado no controle de doenças como Alternaria dauci, Alternaria porri, Botrytis cinerea, Colletotrichum acutatum, Mycosphaerella fijiensis e Pythium ultimum.
Outro exemplo é o uso de ácaros predadores, como Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis, no controle biológico do ácaro rajado (Tetranychus urticae) em morangos hidropônicos. Ambos já são comercializados no Brasil.
Com isso, as possibilidades de controle de pragas e doenças em hidroponia são muitas. Porém, é essencial que os produtores compreendam o nível de dano econômico (NDE) das pragas e doenças e realizem o monitoramento adequado para garantir a assertividade no controle.
O cultivo hidropônico é uma excelente maneira de melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos. No entanto, esse sistema não elimina a possibilidade de ataques de pragas e doenças. Por isso, é fundamental que o produtor adote técnicas de manejo, monitoramento e controle, conforme abordado neste artigo.
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