A cercosporiose é uma doença fúngica que afeta diversas culturas hidropônicas, incluindo a alface. Esse problema se intensifica em períodos de alta umidade, geralmente entre os meses de novembro a março, quando as condições ambientais favorecem o desenvolvimento do fungo.

A doença é causada pelo fungo Cercospora spp., sendo a espécie Cercospora longissima a principal responsável por afetar a alface. Seu sintoma característico é a formação de manchas escuras nas folhas, que podem evoluir para necrose, reduzindo a qualidade visual da planta e comprometendo sua produtividade. Como consequência, a comercialização da alface pode se tornar inviável, resultando em perdas econômicas significativas para os produtores.

Fatores que Favorecem a Cercosporiose na Hidroponia

Em sistemas hidropônicos, a cercosporiose tem se tornado um problema crescente devido à umidade excessiva no ambiente de cultivo protegido, especialmente quando há uso inadequado do sistema de nebulização. Esse excesso de umidade cria um ambiente ideal para a proliferação do fungo.

A incidência da doença tende a ser maior nos meses chuvosos, especialmente em regiões de clima quente e úmido. Estudos agronômicos indicam que, em áreas sem controle adequado, a taxa de incidência pode ultrapassar 50%, podendo causar perdas entre 30% e 50% da produção, dependendo da gravidade da infestação, da cultivar utilizada e do estágio da planta no momento da infecção.

Em casos graves, as lesões escuras atingem grandes áreas das folhas inferiores, que acumulam mais umidade devido à proximidade dos perfis hidropônicos. Isso compromete a aparência da alface, prejudicando sua aceitação no mercado. Além disso, a redução no crescimento e desenvolvimento das folhas pode ser observada, impactando ainda mais a produtividade.

Outro fator relevante é a densidade de plantas no sistema de cultivo. Em locais como Manaus, onde há alta umidade e temperaturas elevadas, o adensamento excessivo agrava o problema, pois cria um microclima favorável à disseminação do fungo.

Medidas para o Controle da Cercosporiose em Alface Hidropônica

O controle da cercosporiose envolve um conjunto de medidas preventivas e corretivas, visando minimizar a incidência da doença e seus impactos.

1. Medidas Preventivas

A prevenção é a estratégia mais eficiente para evitar prejuízos com a cercosporiose. Algumas ações fundamentais incluem:

• Controle da umidade no ambiente de cultivo: Ajustar o uso do sistema de nebulização e garantir ventilação adequada para evitar o excesso de umidade.
• Higienização do sistema hidropônico: A limpeza rigorosa das bancadas, perfis e equipamentos é essencial. O uso de sanitizantes, como dióxido de cloro ou peróxido de hidrogênio, ajuda a reduzir a presença de esporos do fungo no ambiente.
• Monitoramento frequente: A inspeção regular das plantas permite a identificação precoce da doença, possibilitando a adoção de medidas rápidas para evitar sua disseminação.
• Uso de variedades resistentes: Algumas cultivares de alface apresentam maior tolerância à cercosporiose, sendo uma alternativa viável, especialmente nos períodos chuvosos.
• Espaçamento adequado entre plantas: Evitar o adensamento excessivo ajuda a reduzir a umidade entre as folhas, dificultando a propagação do fungo.
• Controle biológico: A aplicação de Trichoderma spp., um fungo benéfico, pode atuar na supressão de patógenos, incluindo a Cercospora spp.
• Uso de bioinsumos: Produtos à base de extratos de algas, silício, cobre e selênio possuem propriedades antifúngicas e podem auxiliar no controle da cercosporiose.

2. Medidas Corretivas

Quando a doença já está presente, algumas ações podem ajudar a minimizar os danos:

• Evitar de fazer pulverização noturna :  para que a umidade não fique por muito tempo nas folhas.
• Ter um bom projeto de estufa : pé direito alto e regiões de muita chuva , ter cobertura com plástico. 
• Controle químico: O uso de fungicidas registrados para alface, como triazóis, estrobilurinas e benzimidazóis, pode ser necessário para o controle da doença. A aplicação deve seguir as recomendações técnicas para evitar resistência do patógeno.
• Rotação de fungicidas: Alternar produtos com diferentes modos de ação ajuda a prevenir o surgimento de fungos resistentes.

Conclusão

A cercosporiose na alface hidropônica pode comprometer seriamente a qualidade da produção e os rendimentos dos produtores. No entanto, seu controle eficaz é possível por meio de um Manejo Integrado de Doenças (MID), que combine boas práticas agrícolas, monitoramento constante e uso adequado de tecnologias.

Investir em medidas preventivas é sempre a melhor estratégia, garantindo um ambiente menos favorável ao fungo e reduzindo a necessidade de intervenções químicas. Quando necessário, o controle biológico e químico deve ser feito de forma responsável, sempre seguindo as recomendações para manter a produção saudável e rentável.

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