A importância da luminosidade em ambiente de cultivo protegido
Por: Dr. Gláucio da Cruz Genuino, especialista em Nutrição Mineral de plantas.
Esta matéria tem como principal objetivo fazer um alerta quanto a uma variável que tem sido constatada como sendo uma das principais contribuidoras em termos de redução de produtividade e, por consequência, redução na qualidade de hortaliças cultivadas em ambiente protegido. A variável mencionada é a falta de luminosidade para o cultivo de hortaliças em casa de vegetação, ou melhor, a falta de radiação luminosa nos ambientes as quais as plantas são cultivadas (variável esta que tem como unidade: µmol de fótons m2 s-1).
Mas, de modo geral, o que se ouve tecnicamente é que radiação não é fator limitante para cultivo de hortaliças no Brasil, principalmente na região Nordeste; então o que está ocorrendo? Por que este fator merece cuidado? Simplesmente, a limitação está sendo causada pela ausência e/ou pela frequência nos cuidados básicos com a manutenção do plástico de cobertura. Quando citamos manutenção referenciamos tanto o processo de limpeza por lavagem ou pela não aquisição de materiais com tecnologia avançada, como os plásticos que levam como aditivo o teflon, ou seja, os plásticos ditos polidos. Material com custo mais elevado, porém apresenta inovações tecnológicas importantes para o segmento, por manter as características inerentes à passagem de radiação de forma adequada ao crescimento das plantas.
Para se ter uma ideia do problema e como devemos resolvê-lo, o conhecimento do parâmetro a ser avaliado é de fundamental importância. Como citei acima, a irradiância é um fator preponderante para o crescimento das plantas e ela é dada pela “quantidade de luz” que incide em uma determinada área por um determinado tempo. Estes valores têm máximos e mínimos, cuja saturação de plantas de sol em seu máximo dar-se, em média, a uma irradiância de 1200 a 1500 µmol de fótons m2 s-1 (um dia a céu aberto em Seropédica pode alcançar valores acima de 2000 µmol de fótons m2 s-1) , já o mínimo necessário para que uma planta de sol realize uma taxa de fotossíntese líquida basal* está em torno de 480 a 550 µmol de fótons m2 s-1. Um plástico sujo reduzirá a passagem de radiação a um valor menor que 450 µmol de fótons m2 s-1, com favorecimento de dois problemas: plantas buscando luminosidade, ou seja, estioladas ou caneludas e plantas com ciclo mais alongado, por possuírem menor ganho em termos de massa vegetal ou produtividade.
A partir disto, existem recomendações tais como: aquisição de aparelhos denominados luxímetros, que meçam a irradiância no espectro de radiação fotossinteticamente ativa ou PAR, ou de modo geral, o uso do bom senso quanto ao manejo do ambiente, com vistorias periódicas em função do acúmulo de sujeira no plástico (variável da propriedade) e, principalmente com a tomada de decisão da lavagem do plástico assim que for constatada tal necessidade.
Existe também a possibilidade de redução do excesso de luminosidade a partir do uso de telas de sombreamento, as quais possuem diversos tipos de materiais, colorações, aplicações, custos e, principalmente, custos/benefícios.
*Fotossíntese líquida basal ou igual à zero é quando o que a planta produz em fotoassimilados e consumido por seu metabolismo, isto é, o ganho de massa de uma planta é extremamente reduzido. Sendo assim a fotossíntese líquida deve ser sempre maior que a basal ou maior que zero.