Hidrogood News: Qualidade das hortaliças hidropônicas durante a pandemia do COVID-19
Por: Dr. Gláucio da Cruz Genuino, especialista em Nutrição Mineral de plantas.
A qualidade de hortaliças hidropônicas é tema constante entre os agentes envolvidos no sistema de produção. Porém, dada a situação sanitária atual, este tema torna-se relevante por se atrelar ao que é discutido na manutenção da saúde pública comum.
Esta edição do Hidrogood News tem por objetivo discutir variáveis que favoreçam não tão somente a qualidade de pós-colheita de hortaliças folhosas e frutíferas, mas também que norteiem ações que auxiliem na redução da transmissividade do Covid-19.
De acordo com a European Food Safety Authority (EFSA) não há nenhuma evidência a respeito da transmissividade do Covid-19 por alimentos. Porém, segundo a Anvisa, ao se manipular alimentos para consumo, é extremamente recomendável uso de desinfetantes e sanitizantes nas superfícies e nos utensílios em contato com o alimento a ser manipulado.
Estes agentes químicos devem ser empregados em diversas etapas da produção e da comercialização de produtos hidropônicos, que vão desde a colheita ao preparo do prato para consumo. Também é preciso garantir a limpeza de perfis hidropônicos, caixarias, carroceria do caminhão, refrigeradores de acondicionamento de produtos, superfícies e utensílios utilizados para o preparado de pratos a serem comercializados por Delivery, garantindo a não transmissividade do vírus, mesmo que esta não seja comprovada cientificamente.
Ressalta-se ainda a existência da diferença conceitual da ação de desinfetantes e da ação de sanitizantes nos microrganismos. Os desinfectantes são agentes que destroem ou irreversivelmente inativam os microrganismos (fungos e bactérias) presentes em superfícies rígidas, por exemplo, em cozinhas industriais.
Já os sanitizantes caracterizam-se por sua ação na redução de microrganismos críticos para saúde pública em níveis considerados seguros a alimentação humana, com base em parâmetros estabelecidos, sem prejuízo a saúde e a qualidade do produto.
De modo geral, hidroponistas que adotaram o beneficiamento de vegetais, a partir da produção de hortaliças minimamente processadas, utilizam as técnicas de desinfecção e de sanitização em seus processos produtivos.
Cabe ressaltar que dentre os sanitizantes mais utilizados na indústria de alimentos, os constituídos por compostos iodados, clorados, quaternários de amônio, além de alguns ácidos, como o ácido peracético, são os mais empregados.
Por outro lado, os produtos mais utilizados na hidroponia para fins de controle fitossanitário são:
- O hipoclorito de sódio, cujo o seu efeito residual pode ser prejudicial às raízes;
- Peróxido de hidrogênio, com variação de doses e volumes desde 30 a 200 volumes;
- E o dióxido de cloro, além da ozonização direta na solução nutritiva, cuja finalidade é a da redução de microrganismos em níveis seguros para a produção destas hortaliças em sistema hidropônicos.
Estes produtos e técnicas utilizadas que visam o controle de microrganismos patogênicos às plantas se enquadram perfeitamente ao recomendado pela Anvisa como medidas protetivas ao ser humano neste período de calamidade de pública.
Ao consumidor final, tais recomendações cabem ao ato de desinfecção de embalagens, com o uso de álcool 70% ou algum sanitizante como o hipoclorito de sódio (água sanitária ou kiboa) no momento da entrada destes produtos em seus ambientes de convívio, bem como desinfectar a embalagem para descartá-la ou acondicioná-la em resfriador, bem como sanitizar as folhosas para consumo posterior.
O ponto convergente de toda esta discussão é a necessidade de cuidados não somente do consumidor final mas, também, de todos os agentes da cadeia. Ao nos preocuparmos com a desinfecção de mesas, utensílios e do sistema hidropônico, além do estabelecimento de medidas sanitárias protetivas a serem adotadas pelos colaboradores da produção, da área administrativa e da comercialização estaremos não somente protegendo os agentes responsáveis pelo início da cadeia produtiva hidropônica, como fazendo a nossa parte como cidadãos.
Por fim, mas não menos importante, ao direcionarmos práticas fitossanitárias do dia a dia como, por exemplo, a aplicação foliar de peróxido de hidrogênio e dióxido de cloro para o controle de algumas doenças causadas por fungos e bactérias para “um possível controle de Covid-19 na produção”, além de estarmos agregando valor ao produto, estaremos protegendo todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva essencial desta nossa nova realidade.
Espero que tenham gostado e até o próximo Hidrogood News.