Hidrogood News Edição Especial: A importância da condutividade elétrica da solução nutritiva
Por: Dr. Gláucio da Cruz Genuncio, especialista em Nutrição Mineral de plantas.
Por definição, a condutividade elétrica (EC) é a medida que permite aferir a passagem de corrente elétrica na água, utilizando-se a unidade em S/m (siemens por metro) ou mS/cm (milisiemens por centímetro), sendo que ao medir a EC, o valor obtido é correlato, de forma indireta, a quantidade de íons dissociados na água e oriundos do uso de fertilizantes na formação da solução nutritiva.
Assim, podemos destacar que ao medirmos a EC, obtemos uma aferição quantitativa da adubação e não qualitativa, uma vez que esta medição não especifica quais íons ou nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S e micros) estão presentes na solução nutritiva e quiçá quais concentrações específicas estarão estes nutrientes ou íons.
Destacamos ainda que, quanto maior a dissociação de íons na água maior será a EC desta água e quanto maior o tempo de exposição desta solução nutritiva às plantas, maior será a absorção destes íons pelas plantas e, consequentemente, menor será a EC caso não haja reposição de fertilizantes. Assim, a medição da EC torna-se fundamental para a adubação das plantas.
A EC deve ser sempre medida a uma temperatura de 25 °C (leitura padrão), pois isto facilitará a comparação dos valores informados pelas empresas fabricantes de fertilizantes (cada fertilizante tem uma EC específica). Quanto a este assunto, é importante ressaltar que a composição final da EC de uma solução nutritiva é dada por duas etapas: primeiramente deve-se obter a EC de cada fertilizante adicionado à solução, ou seja, obtém-se este valor a partir do peso do fertilizante (em kg) multiplicado pela EC específica do fertilizante (dado este informado pelo fabricante).
Por exemplo, se o produtor utiliza 0,5 kg de um fertilizante Y, que possui EC de 1,0, a EC específica deste fertilizante será 0,5 (0,5*1,0). Este valor deverá ser somado aos demais resultados obtidos por cada fertilizante utilizado; por exemplo, para a composição da solução nutritiva final o produtor utilizou 3 fertilizantes, teremos uma soma de 3 valores de entrada, que nos dará a EC parcial da solução. Parcial, pois ainda temos que somar a EC da água, que geralmente é baixa, mas deve ser considerada para a composição final da EC de uma solução nutritiva.
Percebam então que dois produtores podem estar nutrindo a planta com as mesmas concentrações ou demandas de N, P, K, Ca, Mg, S e micros, porém se utilizarem fertilizantes diferentes e se possuírem águas com EC diferentes (geralmente possuem), terão ECs finais diferentes, mas estarão nutrindo a planta de forma igual.
Além do supracitado, é importante ressaltar a existência de uma relação linear entre EC e temperatura, assim, medições da EC em temperaturas altas tendem a ser superestimadas (altas), pois serão maiores que a EC medida à 25 °C. Com isso, a padronização da temperatura a 25 °C para aferição é sempre recomendável.
Outro fator importante é que uma EC alta reduz a quantidade de oxigênio dissolvido na água, o que favorece a queima das raízes, além de alterar o potencial osmótico da água (EC acima de 2,0 mS/cm, por exemplo, para alface em regiões muito quentes), fato este que pode causar a perda de água da planta para a solução nutritiva, fato este constatado pelo murchamento das plantas. Isso é corriqueiramente observado nas estufas de produção de mudas.
Ressaltamos assim importância do acompanhamento diário e de forma correta da condutividade elétrica de sua produção hidropônica para a obtenção do máximo produtivo de sua cultura. Com isso, esperamos que tenham gostado de mais esta edição do Hidrogood News e até a próxima.
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